quarta-feira, 9 de março de 2011

Peixe-boi


Os peixe-bois, vacas-marinhas ou manatis constituem uma designação comum aos mamíferos aquáticos, sirênios, como os dugongos, mas da família dos triquequídeos (Trichechidae). Possuem um grande corpo arredondado, com aspecto semelhante ao das morsas. O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) pode medir até quatro metros e pesar 800 quilos, enquanto o peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis) é menor e atinge 2,5 metros e pode pesar até 300 quilos.
Habitam geralmente em águas costeiras e estuarinas quentes e rasas e pântanos, enquanto o peixe-boi-da-amazônia habita apenas em águas doces das bacias dos rios Amazonas e Orinoco. A Flórida é a localização mais ao norte onde vivem, pois a sua baixa taxa metabólica torna-se difícil no frio e não sobrevivem abaixo dos 15 °C.
No Brasil, o peixe-boi-marinho habitava do Espírito Santo ao Amapá, porém devido à caça, desapareceu da costa do Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Os peixes-bois vivem tanto em água salgada quanto em água doce. O peixe-boi amazônico só existe na bacia do rio Amazonas, no Brasil, e no rio Orinoco, no Peru e vive apenas em água doce.
Todas as espécies encontram-se ameaçadas de extinção e estão protegidas por leis ambientais em diversas partes do mundo. No Brasil, o peixe-boi é protegido por lei desde 1967 e a caça e a comercialização de produtos derivados do peixe-boi é crime que pode levar o infrator a até dois anos de prisão. São animais de hábitos solitários, raramente vistos em grupo fora da época de acasalamento.
Alimentam-se de algas, aguapés, capins aquáticos entre outras vegetações aquáticas e podem consumir até 10% de seu peso em plantas por dia e podem passar até oito horas por dia se alimentando. Durante os primeiros dois anos de vida vivem com suas mães e ainda se alimentam de leite. São muito parecidos com os dugongos e a principal diferença entre o peixe-boi e o dugongo é a cauda. São animais muito mansos e, por este motivo, são facilmente caçados e se encontram em risco de extinção.


Características físicas

O peixe-boi têm uma média de 500–550 kg de massa, e comprimento médio de 2,8-3,0 m, com máximas avistadas de 3,6 metros e 1775 kg (as fêmeas tendem a ser maiores e mais pesadas). Ao nascer, um filhote de peixe-boi tem um massa média de 30 kg.
O corpo é robusto e maciço, com cauda achatada, larga e disposta de forma horizontal. O peixe-boi-marinho tem a pele rugosa, com a cor variando entre cinza e marrom-acinzentado. A cabeça fica bem junto ao corpo. Pode-se quase afirmar que não tem pescoço, apesar de conseguir movimentar a cabeça em todas as direções. Tem olhos bem pequenos, mas enxerga bem, sendo capaz até mesmo de reconhecer cores. O nariz está bem em cima do focinho, com duas grandes aberturas. Não tem orelhas: os ouvidos são dois pequenos orifícios um pouco atrás dos olhos. Além de escutar os ruídos ao seu redor, o peixe-boi também pode se comunicar através de pequenos gritos chamados vocalizações. Esta comunicação é muito importante entre a mãe e o filhote. A mãe é capaz de reconhecer o seu filhote entre muitos outros apenas pela vocalização.
A boca é grande: os lábios de cima são amplos e se movimentam na hora de pegar o alimento. A dentição desses animais é reduzida a molares, que se regeneram constantemente, em virtude de sua dieta vegetariana quando adultos. Estas folhagens contêm sílica, elemento que desgasta rapidamente os dentes mas os manatis são adaptados, seus molares deslocam-se para a frente cerca de 1 mm por mês e se desprendem quando estão completamente desgastados, sendo substituídos por dentes novos situados na parte posterior da mandíbula.
No focinho, o peixe-boi tem muitos pelos, chamados vibrissas ou pêlos táteis, muito sensíveis ao movimento ou ao toque. Por ser um animal aquático, no lugar das patas dianteiras o peixe-boi tem duas nadadeiras, com unhas arredondadas nas pontas. Em vez das patas traseiras, possui uma grande nadadeira caudal.
Para nadar, o peixe-boi impulsiona sua nadadeira caudal, usando as duas nadadeiras peitorais para controlar os movimentos. Apesar de bastante pesado, consegue ser bem ágil dentro d'água, fazendo muitas manobras e ficando em várias posições. Em média, os peixes-bois nadam com uma velocidade de 5 km/h até 8 km/h (1,4 m/s para 2,2 m/s). No entanto, têm sido vistos nadando a uma velocidade até 30 km/h (8 m/s) em rajadas curtas. Metade do dia de um peixe-boi é gasto dormindo na água, subindo para tomar ar regularmente em intervalos não superiores a 20 minutos. Por ser um mamífero, o peixe-boi precisa ir à superfície para respirar. Como os outros mamíferos, ele respira pelos pulmões. Nos seus mergulhos normais fica apenas de um a cinco minutos debaixo d'água. Já em repouso, pode permanecer até 25 minutos submerso sem respirar.
O peixe-boi da Flórida (T. m. latirostris) pode viver até aos 60 anos e podem movimentar-se livremente entre salinidade extremas. No entanto, o peixe-boi-da-amazônia (T. inunguis) nunca se aventura em água salgada. Têm uma grande flexibilidade preênsil no lábio superior que atua em muitos aspectos como uma tromba curta, algo semelhante a um elefante. Utilizam o lábio para reunir comida, bem como para comunicações e interações sociais. Os seus pequenos, e bem espaçados olhos têm pálpebras que fecham em uma forma circular. Acredita-se que os peixes-boi têm a habilidade de ver em cores.
Eles emitem uma ampla gama de sons utilizados na comunicação, especialmente entre as fêmeas e os machos, mas também entre os adultos a manter contato sexual e durante o jogo e comportamentos. Eles podem usar sabor e odor, além da visão, som e tato, para se comunicar. São capazes de aprender diferentes tarefas e mostram sinais de aprendizagem complexas ou longa memória, tal como golfinhos e Pinípedes, segundo estudos visuais e acústicos.


Reprodução

Possuem taxa reprodutiva muito baixa pois a fêmea, chamada peixe-mulher, segundo o Dicionário Aurélio, tem geralmente um filhote, mas há casos de nascimentos de gêmeos, até mesmo em cativeiro, como já aconteceu na Sede Nacional do Projeto Peixe-Boi, em Itamaracá, Pernambuco.
Os peixes-bois não têm nenhuma diferença sexual externa fácil de ser notada. Na fêmea, a abertura genital (a vagina) fica mais próxima do ânus, enquanto no macho (no caso, o pênis) fica mais próxima do umbigo. O pênis só sai da abertura genital no momento do acasalamento. No resto do tempo, está sempre "guardado". O acasalamento se dá com o macho por baixo e a fêmea por cima, num tipo de "abraço". É aí que o macho externa seu pênis e faz a penetração na fêmea.
Vários machos podem copular com uma mesma fêmea, o cio dura um longo período, mas apenas um deles irá fecundá-la. A reprodução da espécie é lenta, pois o período de gestação das fêmeas é longo: treze meses. Depois, a mãe amamenta o filhote durante um período entre um e dois anos. Por causa disso, a fêmea tem apenas um filhote a cada quatro anos, pois ela só volta a entrar no cio outra vez um ano depois de desmamar e tirando a época em que as mães estão com os seus jovens do sexo masculino ou feminino, os peixes-boi geralmente são criaturas solitárias.
Nos primeiros dias de vida, o filhote alimenta-se exclusivamente do leite da mãe. O leite materno é importante para o desenvolvimento do filhote: é um alimento completo que o ajuda no crescimento e funciona como uma vacina, protegendo-o nos primeiros tempos de vida. Durante o período de amamentação é possível notar as mamas na fêmea. Elas ficam uma de cada lado, bem abaixo da nadadeira peitoral. Mas é já a partir dos primeiros meses de vida que o peixe-boi começa a ingerir vegetais, seguindo o comportamento da mãe. O filhote, aliás, recebe todos os cuidados da mãe. Muito zelosa, é ela quem o ensina a nadar, a subir até a superfície para respirar e também a alimentar-se de plantas.

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